Durante o curso nos Momentos Vivenciais fui levado a sentir várias afetações, que para Heidegger (2006) são os sentimentos privilegiados por constituírem a abertura de mundo...O humor se precipita. Ele vem, nem de fora, nem de dentro. Cresce a partir de si mesmo como ser-no-mundo. Me fazendo reviver essas emoções que fazem parte do meu sido, sendo justamente essa relação de temporalidade, pois não é possível compreender o ser fora dessa relação de tempo: passado, presente e futuro.
Quando fiz o primeiro momento vivencial e senti que em alguns momentos da minha vida me fizeram ver que talvez eu nunca pudesse ser pai e nesses momentos, senti inveja de quem era ou poderia ser, mas naqueles momentos o abismo entre meus desejos e o que eu queria crescia, pois queria viver a paternidade, no entanto o desejo não diminui a angústia que sentia.
Sempre odiei essa sensação de não poder ser pai, pois achava que um homem Gay nunca pudesse ter tudo o que se pode conquistar, mesmo que seja com muita luta, sacrifícios e cansaço.
Percebi nessa reflexão o que Sartre quis dizer com: Somos indivíduos livres e nossa liberdade nos condena a tomarmos decisões durante toda a nossa vida. Não existem valores ou regras eternas, a partir das quais podemos nos guiar. E isto torna mais importantes nossas decisões, nossas escolhas. Pois tomei várias escolhas erradas a partir daí, entrando em relações que não me cabiam, fazendo escolhas profissionais que me ocupavam as horas e me sobrecarregava com coisas que me afasta de mim.
Essas escolhas que me levaram para um lugar de desconforto, dor e angústia, pois não dava espaço para um novo chamamento, mesmo com as minhas escolhas não fazendo sentido, não me permitia sentir outras possibilidades, criatividade que Safranski (2005) vai trazer como olho no olho com o nada percebemos que somos criaturas criativas, que podemos fazer algo brotar do nada... do nada surge algo, e do algo surge o nada, naquele momento ou nos momentos posteriores não era uma realidade aceitável para mim, pois para não sentir, eu aceitava trabalhar em dois empregos, estudar em duas instituições ao mesmo tempo, sempre ocupando todos os espaços para não sentir o tédio que Feijoo (2011) vai descrever como tonalidade afetiva que nasce do fato de nos confrontarmos radicalmente com o nosso caráter de desinteressante para nós mesmos.
E essas relações que construímos conosco e nos leva a lugares de dor e esgotamento, que só damos conta ao nos abrirmos para o mundo não como alguém temerário pelo lugar que nos colocamos, por sentir que podemos nos abrir para o novo, a partir de nós, pois a partir das afetações, que a experiência de totalidade se dá, quando nos afetamos, essas afetações são sentidas em suas totalidades e chegam nos invadido e sentimos a totalidade de quem nós somos ou das possibilidades do vir-a-ser.
Por
Wanderley Silva
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